“Arroz, alterações climáticas e gestão da água. Desafios para o arroz europeu”.

Na quarta-feira, 15 de novembro, realiza-se em Lisboa o terceiro Congresso Europeu do Arroz. O
evento faz parte do projeto trienal Sustainable EU Rice – Don’t Think Twice, que visa promover e
valorizar o arroz japónica europeu, realçar a sustentabilidade ambiental da sua produção e sensibilizar
os consumidores para os seus elevados padrões de qualidade.
Depois de Paris e Milão, a terceira edição do Congresso Europeu do Arroz chega a Lisboa, atraindo
chefes de cozinha, jornalistas, influencers, agrónomos e investigadores ao Eurostars Universal Lisboa
(Avenida D. João II, lote1.12.1, Parque das Nações).
O encontro abordará um tema muito ligado à atualidade: a relação essencial entre a cultura do arroz
e a água, na sequência das consequências das alterações climáticas.
Marco Romani, Chefe do Departamento de Agronomia e Proteção das Culturas do Centro de
Investigação do Arroz, falará sobre a sustentabilidade agronómica e ambiental da cultura do arroz,
com particular destaque para o uso sustentável dos recursos hídricos. Corrine Romero, Secretária-
Geral do Syndicat des Riziculteurs de France et Filière, falará em seguida sobre as técnicas agrícolas
que contribuem para a preservação do equilíbrio ecológico das zonas húmidas e para a proteção da
biodiversidade, enquanto Pedro Monteiro, Presidente da Casa do Arroz, ilustrará o património varietal
único do arroz japónica português.
No final da conferência, haverá um momento para a imprensa, durante o qual os representantes das
três entidades promotoras, o Diretor-Geral do Ente Nazionale Risi, Roberto Magnaghi, o Presidente da
Casa do Arroz, Pedro Monteiro, e Corrine Romero, do Syndicat des Riziculteurs de France et Filière,
apresentarão os objectivos do projeto e os resultados das iniciativas promovidas até ao momento.
Para evidenciar a diversidade do arroz europeu na preparação de diferentes receitas, das mais
tradicionais às mais inovadoras, seguir-se-á uma sessão de showcooking, durante a qual um chefe
criará ao vivo pratos à base de arroz, sublinhando o papel preponderante deste cereal na tradição
gastronómica europeia.

O futuro do arroz europeu sustentável entre práticas agronómicas inovadoras, gestão eficiente da água e
proteção da biodiversidade
Lisboa, 15 de novembro de 2023 – Realizou-se esta manhã, em Lisboa, o 3º Congresso Europeu do Arroz, uma iniciativa que
se insere no projeto Sustainable EU Rice – Don’t Think Twice de promoção do arroz tipo japónica cultivado na Europa. O
encontro abordou as questões da sustentabilidade agronómica e ambiental da cultura do arroz e, em particular, a gestão
eficiente dos recursos hídricos à luz das consequências das alterações climáticas.
Marco Romani, chefe do Departamento de Agronomia e Proteção das Culturas do Centro de Investigação do Arroz, deu
início aos trabalhos ilustrando as práticas agronómicas e as técnicas de cultivo favoráveis à utilização sustentável dos
recursos hídricos e à atenuação das emissões de gases com efeito de estufa.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a cultura do arroz não desperdiça água, pois o complexo sistema de
arrozais permite que a água dos Alpes seja temporariamente retida e posteriormente devolvida aos rios, completando o seu
ciclo natural. Este facto não impediu que os produtores de arroz, na via da sustentabilidade, se esforçassem por minimizar
a utilização dos recursos hídricos. Uma das técnicas de cultivo descritas pelo Dr. Romani que permite uma gestão eficiente
da água é a submersão invernal. Esta prática agronómica, que consiste em submergir parcelas de terreno no final da estação
de crescimento, durante um período que vai do outono-inverno até ao início da primavera seguinte, permite recarregar o
nível dos lençóis freáticos numa estação em que a água é abundante, porque não é necessária para outras culturas, como o
milho ou a soja. Outro efeito positivo da submersão invernal é a degradação dos resíduos das culturas, que, por um lado,
liberta nutrientes valiosos para o solo e, por outro, reduz as emissões de metano para a atmosfera. A prática AWD (Alternate
Wetting and Drying), que consiste em alternar a submersão e a secagem dos arrozais, também provou ser uma estratégia
bem-sucedida para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, uma vez que contribui para uma rápida degradação
da palha.
Durante a sua intervenção, Corrine Romero, Secretária-Geral do Syndicat des Riziculteurs de France et Filière, sublinhou o
papel fundamental da cultura do arroz na proteção da biodiversidade animal e vegetal, com uma referência específica à
riqueza da flora e da fauna presentes na região de Camargue, onde os arrozais são capazes de preservar o habitat das zonas
húmidas e atuar como local de alimentação e reprodução, acolhendo uma multiplicidade de espécies animais, incluindo
anfíbios, insectos e aves.
Pedro Monteiro, Presidente da Casa do Arroz, falou sobre a singularidade do património varietal do arroz japónica
português, em particular do Carolino, cuja área de cultivo abrange cerca de 30 000 hectares distribuídos nas zonas próximas
dos três rios mais importantes de Portugal: Mondego, Tejo e Sado. Os portugueses, chamados “os asiáticos da Europa”,
detêm o recorde de maior consumo anual per capita na UE, com 200 000 toneladas de arroz branco “consumidas”.
O Congresso foi seguido de uma conferência de imprensa durante a qual o Diretor-Geral do Ente Nazionale Risi, Roberto
Magnaghi, juntamente com Pedro Monteiro e Corrine Romero, apresentaram aos meios de comunicação social
portugueses os objectivos do projeto que estão a promover. Sustainable EU Rice – Don’t Think Twice é um programa de
três anos, financiado com o apoio da União Europeia, que tem como objetivo divulgar conhecimentos sobre a produção de
arroz e as utilizações do arroz comunitário na culinária, bem como reforçar a sensibilização para o valor da orizicultura em
termos de sustentabilidade e proteção dos recursos naturais.
A manhã terminou com um programa de culinária em que a versatilidade do arroz europeu foi realçada na preparação de
três receitas diferentes representativas dos países-alvo: risoto de arroz Arborio com rabanete, queijo provolone e bacon
estaladiço, de Itália, arroz Carolino com mousse de garoupa e manjericão, de Portugal e “riz rouge” (arroz vermelho) com
alho preto e courgettes marinadas, de França.

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